Suíça 1954
Pré Copa do Mundo
Sempre alheia aos duelos militares que assolaram a Europa, a Suíça nunca foi incomodada por saldos de guerras. Não á toa, a Fifa realocou a sede para a cidade de Zurique assim que a 2° Guerra Mundial eclodiu. Em 1946, quando a entidade decidiu retomar a Copa do Mundo, a Suíça era uma das poucas nações europeias preservadas. Ou seja, ideal para receber o Mundial. No dia 25 de julho, a entidade decidiu que o Brasil receberia a Copa de 1950 e deu aos suíços a organização do Mundial de 1954, ano em que a Fifa completaria 50 anos. Este Mundial inaugurou uma série de novidades que se eternizaram. Uma delas, a adoção de um número pessoal (1 a 22) nas costas de cada jogador, que os acompanharia por todo o torneio- em 1950, usavam de 1 a 11, dependendo da posição em campo. Outra novidade era a transmissão das partidas ao vivo pela TV, mas apenas para quem tinha a tecnologia para isso, o que não era o caso do Brasil. Além disso, pela 1° vez a Fifa prepararia um filme oficial do Mundial.
Cidades e estádios
Cidades: Basileia, Berna, Genebra, Lausanne, Lugano e Zurique
Estádios: St.Jakob, Wankdorf, Des Charmilles, La Pontaise, Cornaredo e Sportplatz Hardturm
Ausências e presenças
A Argentina tornou-se a grande ausência nas Eliminatórias. O país havia perdido jogadores para ligas de outros países, como a Colômbia, e preferiu não arriscar o prestígio. Ao todo, 38 países se inscreveram. Bolívia, Costa Rica, Cuba, Índia, Islândia e Vietnã tentaram a inscrição, mas perderam o prazo. Contudo, a Fifa aceitou a ficha do Paraguai, por causa de um alegado atraso entre os correios. Peru e Polônia abdicaram do classificatório antes de iniciá-lo. Na Ásia, a China se recusou a jogar contra o recém-criado Taiwan, que abrigava milhares de refugiados chineses. E Taiwan, posteriormente, também desistiu.
Uma vez definidos os 14 classificados; Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Coreia do Sul, Escócia, França, Hungria, Inglaterra, Itália, Iugoslávia, México, Tchecoslováquia e Turquia, que se juntaram a Suíça (país sede) e Uruguai (campeão mundial), a Fifa criou o regulamento para a Copa. Os dirigentes europeus haviam criticado o sistema do Mundial de 1950, mas o comitê de 1954 elaborou uma fórmula pior, muito pior.
Num 1º momento, havia 4 grupos, com 4 seleções cada; as 2 que somassem mais prontos seguiram adiante. 2 pontos por vitória, 1 por empate e nenhum em caso de derrota. Até aí, nada demais. Dentro de cada grupo, haveria 2 cabeças de chave, que não se enfrentariam- jogariam apenas contra as outras 2 seleções (que também não duelariam entre si). Além disso, cada partida empatada teria uma prorrogação de 30 minutos. Se a igualdade persistisse, aí sim cada equipe receberia um ponto. Se houvesse empate em pontos para se definir a 2° vaga no grupo, o regulamento mandava disputar um jogo-extra. Um pouco confuso? Na hora, não houve contestações. E esta fórmula seguiu assim até o dia em que a Fifa definiu os cabeças de chave e sorteou os grupos da Copa. Alguns cogitaram que a Alemanha pudesse ser cabeças de chave, mas o país estava em seu 1º evento esportivo após o banimento por causa da 2º Guerra Mundial e achou-se que era cedo demais para privilégios. Assim, a Turquia virou cabeça de chave, ao lado da Hungria, no grupo B (que ainda teria Alemanha e Coreia do Sul) . Já no grupo A, os cabeças França e Brasil tiveram a companhia de Iugoslávia e México. A chave C, encabeçada por Uruguai e Áustria havia Tchecoslováquia e Escócia. A chave D teria Inglaterra e Itália como cabeças e Suíça e Bélgica como complemento. A Hungria era considerada a grande favorita a levar o título mundial
Fase de grupos:
Grupo A
Brasil
2 jogos, 3 pontos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas
Iugoslávia
2 jogos, 3 pontos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas
França
2 jogos, 2 pontos, 1 vitória, 0 empates e 1 derrota
México
2 jogos, 0 pontos, 0 vitórias, 0 empates e 2 derrotas
Grupo B
Hungria
2 jogos,4 pontos, 2 vitórias, 0 empates e 0 derrotas
Turquia
2 jogos, 2 pontos, 1 vitória,0 empates e 1 derrotas
Alemanha
2 jogos, 2 pontos, 1 vitória,0 empates e 0 derrotas
*classificada no jogo-desempate contra a Turquia
Coreia do Sul
2 jogos, 0 pontos, 0 vitórias, 0 empates e 2 derrotas
Grupo C
Uruguai
2 jogos,4 pontos, 2 vitórias, 0 empates e 0 derrotas
Áustria
2 jogos,4 pontos, 2 vitórias, 0 empates e 0 derrotas
Tchecoslováquia
2 jogos, 0 pontos, 0 vitórias, 0 empates e 2 derrotas
Escócia
2 jogos, 0 pontos, 0 vitórias, 0 empates e 2 derrotas
Grupo D
Inglaterra
2 jogos, 3 pontos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas
Itália
2 jogos, 2 pontos, 1 vitória,0 empates e 1 derrota
Suíça
2 jogos, 2 pontos, 1 vitória,0 empates e 1 derrota
*classificada no jogo-desempate contra a Itália
Bélgica
2 jogos, 1 ponto, 0 vitórias, 1 empate e 1 derrota
Quartas de Final
Uruguai
4
26/6
Inglaterra
2
Áustria
7
26/6
Suíça
5
Hungria
4
26/6
Brasil
2
Alemanha
2
26/6
Iugoslávia
0
Semifinal
Alemanha
6
30/6
Áustria
1
Hungria
4
30/6
Uruguai
2
Decisão do 3° lugar
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Áustria
3
3/7
Uruguai
1
A final da Copa
4/7, 17h, Estádio Wankdorf
Alemanha
3
Hungria
2
Para uma final de Copa com muita chuva, a Hungria possuía 3 coisas: favoritismo, aquecimento e o craque Ferenc Puskas que havia convencido o treinador que estava recuperado da lesão no tornozelo. O favoritismo era claro e indiscutível. Já o aquecimento antes da partida deixava o time mais aceso que o adversário. Diante da Alemanha os 3 fatores entraram em ação, e o time fez 2 a 0 com menos de 10 minutos- Puskas foi quem abriu o placar. Já a Alemanha também tinha 3 coisas:
pragmatismo, chuteiras com travas parafusáveis (para trocar de acordo com o estado do gramado) e Helmut Rahn. Mesmo após levar 2 gols, o time não se abateu. Eckel colou em Hidegkuti, cérebro da Hungria, e Fritz Walter voltava para buscar jogo, confundindo a marcação. As chuteiras dos jogadores estavam com travas altas, próprias para gramados encharcados; eles ficaram de pé enquanto os húngaros patinavam. E Rahn fez o time chegar ao empate: Dando a assistência para Morlock diminuir e empatando o jogo aos 18 minutos. Apesar de tudo isso, a Hungria criava mais chances. Kohlmeyer salvou um gol certo de Puskas (que mancava em campo) e Kocsis mandou uma bola no travessão. Os alemães se arriscavam com inteligência e viraram o jogo aos 39 minutos do 2° tempo. Rahn driblou Lantos com o pé direito, e com o esquerdo acertou o canto de Grocsis. No último minuto, o árbitro anulou um gol de Puskas, por impedimento. Para surpresa geral, a Alemanha era campeã.
Campeão: Alemanha
Jogo histórico
26/6, 17h, Le Pontaise
Áustria
7
Suíça
5
O ferrolho suíço, inventado pelo austríaco Karl Rappan, consistia em retranca forte. Desse modo, Rappan fazia com que os placares em jogos de seu time ficassem ´´econômicos``. Até porque o time não costumava atacar muito- mesmo os jogadores mais ofensivos tinham preocupações defensivas. Então, foi de grande estranheza que a Suíça tivesse aberto 3 a 0 no placar em pouco mais de 20 minutos. Alguém até poderia pensar que o time de vermelho não era a Suíça, e sim a Hungria. Mais estranho ainda foi ver a Áustria marcar 5 gols no ferrolho suíço e virar o jogo em um intervalo de 10 minutos. Ballaman ainda diminuiu para os donos da casa, e o 1° tempo se encerrou com incríveis 9 gols em 45 minutos, um recorde. A marca poderia ter sido maior, se Alfred Körner não tivesse chutado um pênalti para fora quando o jogo já estava 5 a 4. Na etapa final, cada time marcou mais uma vez antes dos 15 minutos e ambos começaram a ´´derreter`` com o calor de 36ºC daquele dia. A Suíça, por ter disputado um jogo-desempate, estava mais desgastada e não conseguiu impedir que Probst marcasse 7 a 5. Mas também os austríacos foram afetados. O goleiro Schmied, que havia se machucado e teve que aguentar firme até o fim, chegou a desmaiar em campo. Ao final da partida, ele não sabia a contagem final e perguntou a um colega quem tinha vencido o duelo-que estabeleceu o recorde de gols em uma única partida de Copa
Curiosidades
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Craque
O húngaro Ferenc Puskas
Artilheiro
O húngaro Sandor Kocsis, com 11 gols em 5 jogos
Bola
Swiss Wc Matchball
Polêmica
O time alemão que enfrentou a Hungria nunca mais atuou junto. Uma semana depois da final, levantou-se a suspeita de que os jogadores estavam dopados. O então médico da equipe, Franz Logan, disse ter injetado vitamina C e glicose nos jogadores. As substâncias não eram (nem são hoje) doping