Espanha 1982

Pré Copa do Mundo

Em 1964, durante um congresso em Tóquio (Japão), a Fifa decidiu que a Espanha seria sede da Copa de 1982. Era um prêmio de consolação, já que há tempos o país queria receber o Mundial. Naquele congresso, a entidade deu ao México o Mundial de 1970 e á Alemanha o torneio de 1974. A Espanha, no caso, ficaria com a Copa seguinte em solo europeu.
Com 18 anos para se preparar, a Espanha criou um comitê organizador, chefiado por Raimundo Saporta. E houve um grande paradoxo no país. O Mundial serviu como primeiro passo para reduzir o desemprego, modernizar hotéis e linhas de comunicação, construir escolas, asfaltar estradas. Por outro lado, houve muitos atropelos na organização. Um deles, por causa de uma situação política: a ditadura de Francisco Franco, vigente desde os anos 1930 e que parecia interminável, terminou. O líder morreu em 20 de novembro de 1975, não sem antes passar o controle total do país ao príncipe Juan Carlos, que ascendeu ao trono de rei em 27 de novembro.
Outro ponto foi o inchaço do Mundial, determinado pela Fifa no dia 17 de maio de 1979, 3 anos antes da Copa. Assim, Havelange cumpria a promessa feita junto ás confederações africanas e asiáticas. Desde que assumiu a presidência, em 1974, o dirigente falava em uma Copa com 20 times. Mas a Fifa determinou 24, África, Ásia/Oceania e Américas central e do Norte, que até então só classificavam um país cada ficaram com 2 vagas, A América do Sul passaria a ter pelo menos 4 equipes. A Europa, que classificava 8 ou 9 países, ganhou 14 vagas.


Cidades e Estádios

Cidades-sede: Alicante, Barcelona, Bilbao, Elche, Gijón, La Coruña, Madrí, Málaga, Oviedo, Sevilha, Valência, Valladolid, Vigo e Zaragoza.
Estádios: José Rico Pérez, Camp Nou, Sarriá, San Mames, Nuevo Estadio, El Molinón, Riazor, Santiago Bernabeu, Vicente Calderón, La Rosaleda, Carlos Tartiere, Benito Villamarín, Ramón Sánchez Pizjuán, Luis Casanova, José Zorrilla, Balaidos e La Romareda.

José Rico Pérez
José Rico Pérez
Sarriá
Sarriá
Nuevo Estadio *hoje se chama Manuel Martínez Velero
Nuevo Estadio *hoje se chama Manuel Martínez Velero
Riazor
Riazor
Vicente Calderón
Vicente Calderón
Carlos Tartiere
Carlos Tartiere
Ramón Sánchez Pizjuán
Ramón Sánchez Pizjuán
José Zorrilla
José Zorrilla
La Romareda
La Romareda
Camp Nou
Camp Nou
San Mames
San Mames
El Molinón
El Molinón
Santiago Bernabeu
Santiago Bernabeu
La Rosaleda
La Rosaleda
Benito Villamarín
Benito Villamarín
Luis Casanova
Luis Casanova
Balaidos
Balaidos

Presenças e ausências

O aumento de vagas não impediu que, dentre as 107 seleções inscritas para as Eliminatórias, algumas equipes tradicionais ficassem de fora. Na América do Sul, o Uruguai caiu diante do Peru- com direito a uma derrota em Montividéu, por 2 a 1- e viu o rival se garantir na Copa. Na Europa, a Holanda decepcionou. Já na Concacaf, o México deu fiasco, a fase final da Eliminatória, com 6 equipes, foi disputada toda em Honduras. Na última rodada era só o México vencer o time da casa. Mas o jogo terminou 0 a 0 e quem se classificou foi El Salvador. Por outro lado, 5 seleções estreariam em Mundias (Argélia, Camarões, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia), um recorde desde 1934.
Com 24 seleções, a Fifa criou uma fórmula de 6 grupos com 4 times cada. Os dois primeiros seguiriam para a fase seguinte, que teria 12 equipes distribuídas em 4 grupos de 3 times cada. Apenas o 1° avançaria ás semifinais. Em 16 de janeiro de 1982, no Palácio dos Congressos, em Madri, a entidade definiu Itália, Alemanha, Argentina, Inglaterra, Brasil e anfitriã Espanha como cabeças de chave. Os 5 novatos e El Salvador ficaram cada um em uma chave diferente. Por causa deles, havia receio de que a Copa tivesse uma queda de qualidade técnica.
Depois do sorteio, percebeu-se que várias combinações diferentes para a Final seriam impossíveis. Uma delas, por exemplo, entre Brasil e Argentinas. Na prática, a fórmula dividiu as equipes ao meio. Seleções do Grupo A, por exemplo, nunca poderiam jogar a final contra equipes dos grupos C e F.
Assim, os participantes da Copa foram: Alemanha, Argélia, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Camarões, Chile, El Salvador, Escócia, Espanha, Honduras, Hungria, Inglaterra, Irlanda do Norte, Itália, Iugoslávia, Kuwait, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Tchecoslováquia e União Soviética. Sendo considerados favoritos, a Alemanha, atual campeã, Argentina, com o craque Maradona despontando e o Brasil, com um time recheado de craques, como Zico e Socrates comandados por Telê Santana.


Fase de grupos

Grupo A

Polônia

4 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 2 empates e 0 derrotas

Itália

3 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 3 empates e 0 derrotas

Camarões

3 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 3 empates e 0 derrotas

Peru

2 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 2 empates e 1 derrota

Grupo B

Alemanha

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

Áustria

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

Argélia

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

Chile

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Grupo C

Bélgica

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Argentina

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

Hungria

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

El Salvador

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Grupo D

Inglaterra

6 pontos, 3 jogos, 3 vitórias, 0 empates e 0 derrotas

França

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Tchecoslováquia

2 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 2 empates e 1 derrota

Kuwait

1 ponto, 3 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 2 derrotas

Grupo E

Irlanda do Norte

4 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 2 empates e 0 derrotas

Espanha

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Iugoslávia

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Honduras

2 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 2 empates e 1 derrota

Grupo F

Brasil

6 pontos, 3 jogos, 3 vitórias, 0 empates e 0 derrotas

União Soviética

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Escócia

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Nova Zelândia

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Quartas de Final

Grupo 1

Polônia

3 pontos, 2 jogos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas

União Soviética

3 pontos, 2 jogos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas

Bélgica

0 pontos, 2 jogos, 0 vitórias, 0 empates, 2 derrotas

Grupo 2

Alemanha

3 pontos, 2 jogos, 1 vitória, 1 empate e 0 derrotas

Inglaterra

2 pontos, 2 jogos, 1 vitória, 0 empates e 1 derrota

Espanha

1 ponto, 2 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 1 derrota

Grupo 3

Itália

4 pontos, 2 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 0 derrotas

Brasil

2 pontos, 2 jogos, 1 vitória, 0 empates e 1 derrota

Argentina

0 pontos, 2 jogos, 0 vitórias, 0 empates, 2 derrotas

Grupo 4

França

4 pontos, 2 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 0 derrotas

Áustria

1 ponto, 2 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 1 derrota

Irlanda do Norte

1 ponto, 2 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 1 derrota

Semifinais

Itália

2

8/7

Polônia

0

Alemanha

3

(5)

8/7

França

3

(4)

Disputa do 3° lugar

10/7

Polônia

3

França

2

A Final da Copa

11/7, 20h, Santiago Bernabéu

Itália

3

Alemanha

1

A final da Copa iria consagrar um novo tricampeão- Itália ou Alemanha- e também o craque do Mundial: Paolo Rossi ou Rummenigge, que haviam marcado 5 gols cada. A diferença moral pesava a favor dos italianos, que haviam despachado Argentina e Brasil. Os alemães vinham desgastados de uma prorrogação contra a França. Porém quem sofreu baixas foi a Itália. O criativo meia Antognoni, machucado, foi cortado de última hora e o técnico Enzo Bearzot escalou o zagueiro Bergomi, de apenas 18 anos. Com isso, a Itália entrou com 5 defensores. Para piorar, o time perdeu Graziani, que caiu e foi substituído por Altobelli logo aos 7 minutos. No 1° tempo, a melhor chance de gol foi da Itália. Briegel trombou com Bruno Conti na área e o árbitro, o brasileiro Arnaldo Cézar Coelho, marcou pênalti. Cabrini, porém cobrou para fora. Na etapa final, a Alemanha acusou o cansaço. Aos 12 minutos, Paolo Rossi fez 1 a 0 e,com isso, tornou-se o artilheiro da Copa- do outro lado, Rummenigge marcava e ainda era marcado pelo implacável Gentile. Depois do gol, os alemães perderam duas boas chances de empatar e pregaram. Aos 24, Tardelli fez 2 a 0, após linha de passes na área germânica. A 9 minutos do fim, Altobelli marcou o 3° gol e iniciou a festa italiana- o gol dos alemães, marcado por Breitner, 2 minutos depois, mal foi percebido. Contra tudo e contra todos, ao melhor estilo Itália, a Azzurra festejou o tricampeonato.


Campeão: Itália


Jogos históricos

15/6, 21h, Nuevo Estádio

Hungria

10

El Salvador

1

Em 1982, a Hungria não era mais uma força do futebol, mas ao menos na estreia contra El Salvador fez uma partida que relembrou o lendário esquadrão de Czibor, Puskas e Kocsis, na Copa de 1954. O time abriu o placar logo aos 4 minutos, com Nyilasi, de cabeça. Aos 11, Pölöskei entrou na área e chutou cruzado. Aos 23, Fazekas acertou o ângulo. O placar de 3 a 0 até impressionou. Mas foi a etapa final que virou um pesadelo interminável para o goleiro de El Salvador, Luis Ricardo Guevara Mora. Aos 5 minutos, a defesa parou e Toth não perdoou. Aos 9, Fazekas driblou o marcador e bateu no canto. Aos 19, mais um gol, mas de El Salvador, com Ramirez. Aos 24 minutos, Kiss chutou no meio do gol e a bola entrou. Aos 27, a Hungria marcou 2 gols, com Szentes e Kiss. Aos 31, Mora cortou mal um cruzamento e Kiss emendou. Aos 38, Nyilasi fechou a conta de cabeça: 10 a 1. O placar tornou-se maior goleada da história das Copas, batendo os 9 a 0 que a própria Hungria havia imposto á Coreia do Sul, em 1954. Kiss se tornou o primeiro a entrar durante uma partida e assinalar um hat-trick. A favor dos salvadorenhos, diga-se uma coisa: mesmo surrados no placar, não tentaram dar o troco sob a forma de pontapés. Tanto que nem levaram cartão amarelo. E ainda transformaram em documentário o solitário gol de Ramírez.


Jogos históricos

5/7, 17h15, Estádio Sarriá

Brasil

2

Itália

3

No duelo entre Brasil e Itália, valendo vaga para a semifinal, a obrigação de vencer estava do lado italiano. O Brasil precisava apenas de um empate, porém sofreu adversidades inéditas, como a marcação individual de Gentile em Zico e as falhas defensivas em série. Aos 5 minutos, Cabrini avançou pela esquerda e, sem ser incomodado por Leandro, cruzou. Paolo Rossi correu até o bico da pequena área e cabeceou: 1 a 0. Minutos depois, Serginho atravessou á frente de Zico na área e chutou bisonhamente para fora. Em seguida, Sócrates recebeu passe de Zico e empatou: 1 a 1. O jogo estava controlado, até que Cerezo deu um passe na intermediária. Luisinho e Falcão esperavam pela bola, mas Paolo Rossi estava livre entre eles, dominou, avançou e fuzilou: 2 a 1. No fim do 1° tempo, Zico foi agarrado por Gentile dentro da área. A camisa até rasgou, mas o árbitro, o israelense Abraham Klein nem deu bola. Na etapa final, Klein compensou e ignorou um pênalti de Luisinho em Paolo Rossi. Aos 23 minutos, Falcão empatou: 2 a 2. Mas, aos 29 minutos, houve um escanteio para a Itália. O Brasil estava com 10 jogadores na área e Zico saindo dela. Mesmo assim, Paolo Rossi ficou livre e desempatou. Aí sim o Brasil sentiu o golpe. Klein ainda deu uma ajuda, ao anular um gol legítimo de Antognoni. Aos 44 minutos, na última chance brasileira, Oscar cabeceou á queima-roupa e Zoff defendeu ao pé da trave. A Itália seguia no torneio. E passou a tratar a partida como ´´´ressureição de Paolo Rossi``.


Jogos históricos

8/7 21h, Ramón Sanchez Pizjuan

Alemanha

3

(5)

França

3

(4)

A Alemanha estava na semifinal após ter feito um copa irregular. A França estava embalada e havia ganho o rótulo de herdeira do futebol-arte após a eliminação do Brasil. Os alemães abriram o placar com Littbarski. A França empatou com Platini de pênalti. Na 2° etapa, aos 13 minutos, o lateral Battiston foi lançado e saiu livre na cara do gol. O goleiro Schumacher saiu em cima dele e o acertou com uma ´´voadora`` na cabeça, na risca da área. Era caso de dar pênalti e expulsar Schumacher, mas o arbítro, o holandês Charles Corver, deu apenas tiro de meta. Enquanto Schumacher esperava pra cobrar, Battiston era retirado de campo, sem 2 dentes e com concussão - ele chegou até a tomar oxigênio no vestiário. O jogo terminou empatado e a partir daí as emoções aumentaram exponencialmente. Na prorrogação, a França abriu 2 a 1. Em desvantagem, o técnico Jupp Derwall mandou Rummenigge aquecer. Ele mal havia pisado no campo quando Giresse fez 3 a 1. Mas Rummenigge puxou a reação e a Alemanha igualou. O placar de 3 a 3 levou o jogo á decisão por pênaltis, a primeira da história. O alemão Stielike foi o primeiro a perder uma cobrança. Mas Schumacher defendeu o chute seguinte, de Six. A decisão ficou 4 a 4  levou as cobranças alternadas. Se um perdesse e outro marcasse, acabava. Bossis perdeu para a França, parando em Schumacher. Hrubesch marcou e colocou a Alemanha na final.


Curiosidades

Craque

O italiano Paolo Rossi

Artilheiro

O Italiano Paolo Rossi, com 6 gols em 7 jogos

Bola

Tango Espanha

Mascote

Naranjito; Laranja (fruta típica da região) com braços e pernas

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