Argentina 1978

Pré Copa do Mundo

Desde 1928, a Argentina acalentava a chance de sediar uma Copa do Mundo. Primeiro, viu o vizinho Uruguai ser a sede de 1930. Depois, não foi páreo para o lobby pró-França (para a Copa de 1938). Chupou o dedo com os cancelamentos em 1942 e 1946. Magoou-se com o Brasil (único candidato para 1950). Irritou-se com o Chile (1962). Foi preterida pelo México (1970). Até que, em 6 de julho de 1966, durante um congresso em Londres, a Fifa confirmou a Argentina como país-sede do Mundial de 1978.
Em 1976, porém, a Argentina deixou de ser uma democracia para se tornar uma ditadura. Uma junta militar chefiada pelo general Jorge Rafael Videla dissolveu o congresso e deu início a um processo chamado de ´´guerra suja``, que deixou 20 mil mortos e 15 mil desaparecidos. Claro que os militares usaram a Copa para encobrir o terror político e minimizar a repressão-para isso, seria bom que a seleção nacional ganhasse o título.  O medo da ditadura só foi totalmente eliminado em abril de 1978, quando o Movimento Peronista Montoneros, um grupo de guerrilheiros em atividade na Argentina, propôs uma trégua durante a Copa.


Cidades e estádios

Cidades: Buenos Aires, Córdoba, Mar del Plata, Mendoza e Rosário
Estádios: Monumental de Nuñez, José Amalfitani, Chateau Carreras, Parque Municipal, Ciudad de Mendoza e New Rosario

Monumental de Nuñez
Monumental de Nuñez
Chateau Carreras *hoje se chama Mário Alberto Kempes
Chateau Carreras *hoje se chama Mário Alberto Kempes
Ciudad de Mendoza* hoje se chama Malvinas Argentinas
Ciudad de Mendoza* hoje se chama Malvinas Argentinas
José Amalfitani
José Amalfitani
Parque Municipal* hoje se chama José Maria Minella
Parque Municipal* hoje se chama José Maria Minella
New Rosário* Hoje se chama Gigante de Arroyito
New Rosário* Hoje se chama Gigante de Arroyito

Presenças e ausências

A Fifa recebeu 103 inscrições para o Mundial, mas apenas 96 disputaram a fase classificatória. Entre seleções mais tradicionais, os jogos vitimaram Inglaterra, União Soviética e Uruguai. O problema foi depois, quando países já classificados ameaçaram boicotar a Copa. Na França, manifestações nas ruas pediam que a seleção ficasse em casa. A Suécia também cogitou não embarcar. Na Holanda, o parlamento enviou telegramas aos jogadores tentando demovê-los da ideia de jogar na Argentina. Outros países pediam simplesmente a troca do país-sede. Mas o presidente da Fifa, João Havelange, bateu o pé e declarou que a Copa seria lá mesmo. No fim das contas, nenhum país boicotou.
Mas o mesmo não se pôde dizer dos jogadores. O polêmico alemão Paul Breitner iniciou um processo de autoexílio da seleção campeã mundial. O holandês Johan Cruyff, que disse ter sofrido uma tentativa de sequestro um ano antes da Copa, desistiu de viajar alegando questões de segurança. Dizem as más línguas que, no caso dele, uma premiação baixa também pesou.
As seleções que disputaram a Copa foram: Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Escócia, Espanha, Holanda, Hungria, Irã, Itália, México, Peru, Polônia, Suécia e Tunísia. A Holanda entrava na Copa como favorita, já que trazia quase todo time de 1974- menos Cruyff. Seguida por Brasil e Argentina: O primeiro pela tradição; o segundo por jogar em casa. E isso porque o técnico César Luis Menotti deixou de fora, nada menos que Diego Maradona, 17 anos, pois achava que ele era novo demais para suportar a pressão de uma Copa. O regulamento era o mesmo de 1974, porém a Fifa não arrumou um pequeno detalhe: a tabela permitia a possibilidade de os jogos decisivos serem disputados em horários diferentes- o que, como constado mais tarde traria muitos problemas.


Fase de Grupos

Grupo A

Itália

6 pontos, 3 jogos, 3 vitórias, 0 empates e 0 derrotas

Argentina

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

França

2 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 0 empates e 2 derrotas

Hungria

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Grupo B


Polônia

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Alemanha

4 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 2 empates e 0 derrotas

Tunísia

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

México

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Grupo C


Áustria

4 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 0 empates e 1 derrota

Brasil

4 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 2 empates e 0 derrotas

Espanha

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Suécia

1 ponto, 3 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 2 derrotas

Grupo D

Peru

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Holanda

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Escócia

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Irã

1 ponto, 3 jogos, 0 vitórias, 1 empate e 2 derrotas

Quartas de Final- Grupo 1

Holanda

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Itália

3 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota

Alemanha

2 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 2 empates e 1 derrotas

Áustria

2 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 0 empates e 2 derrotas

Quartas de Final- Grupo 2

Argentina

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Brasil

5 pontos, 3 jogos, 2 vitórias, 1 empate e 0 derrotas

Polônia

2 pontos, 3 jogos, 1 vitória, 0 empates e 2 derrotas

Peru

0 pontos, 3 jogos, 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas

Disputa do 3° lugar

Brasil

2

24/6

Itália

1

A final da Copa

25/6, 19:15, Monumental de Nuñez

Argentina

3

Holanda

1

A polêmica em torno da chiadeira brasileira com a goleada de 6 a 0 da Argentina sobre o Peru foi útil para o Ente Autárquico Mundial (EAM). Com o foco das atenções desviado, o Ente vetou o arbítro israelense Abraham Klein para a decisão da Copa. A Uefa não teve coragem de contestar e o presidente da entidade, o italiano Artemio Franchi, indicou o compatriota Sergio Gonella. O árbitro italiano criou polêmica antes mesmo de o jogo começar, ao mandar o holandês René Van Kerkhof tirar o gesso do braço- ele havia atuado outras vezes com o gesso sem problema nenhum. Com a bola rolando, o árbitro amarrou o jogo no meio-de-campo - até o fim, ele marcou mais de 50 faltas contra os holandeses. No 1° tempo, a Argentina fez 1 a 0, com Kempes. Na etapa final, de tanto lutar, a Holanda empatou a 8 minutos do fim, com Nanninga. No último lance, Krol ergueu a bola para área da Argentina, Neeskens ganhou pelo alto de Passarella e Rensenbrink, cara a cara com Fillol, tocou para o gol, mas acertou a trave. O jogo foi para a prorrogação. Aos 15 minutos, Kempes deu uma arrancada de 20 metros, recuperou a bola quase perdida duas vezes e marcou o segundo gol, o que fez a torcida encher o estádio Monumental de Nuñez com uma chuva de papel picado. A 4 minutos do fim, Bertoni fez o 3° gol, contando com nova ajuda de Gonella, que ignorou um toque de mão de Kempes na jogada. A raçuda Argentina festajava o título mundial.

Campeão: Argentina


Polêmica da Copa

A facilidade com que a Argentina derrotou o Peru por 6 a 0, placar que a levou á final da Copa do Mundo, gerou todo tipo de polêmica desde sempre. Principalmente no Brasil, porque quem se prejudicou na história foi a seleção brasileira. Uma das reclamações era que a Argentina iria jogar contra o Peru horas depois do jogo do Brasil diante da Polônia. Assim, os argentinos saberiam do que precisariam para ir á final. Contudo, a tabela da Copa já previa que os jogos não aconteceriam no mesmo horário antes dos países integrantes do grupo serem definidos.
A conspiração que envolveu o jogo foi muito além do futebol. 30 anos depois da Copa, o livro El hijo del Ajedrecista 2 revelou que o Cartel de Cáli teria bancado o suborno á seleção peruana para ajudar a Argentina- e por tabela, a ditadura de Jorge Rafael Videla. O autor do livro é Fernando Rodríguez Mondragón, filho de Gilberto Rodríguez Orejuela e sobrinho de Miguel Rodríguez Orejuela, na época líderes do Cartel de Calí. Fernando diz que seu pai, em reunião com representantes da seleção peruana e de entidades de futebol do país, decidiu os valores que o governo do Peru e os jogadores receberiam pela derrota de pelo menos 4 gols de saldo: US$ 50 mil para jogadores que soubessem do suborno, US$ 250 mil para integrantes da comissão técnica e US$ 100 milhões para o governo peruano em carregamentos de trigo.
Segundo o livro, apenas 4 jogadores, além do técnico Marcos Calderón, sabiam do esquemão, mas o autor não revela os nomes. O goleiro Quiroga, argentino de nascimento, foi sempre apontado como um dos suspeitos. Até hoje ele se defende das acusações, declarando que é peruano de coração e que o país sempre pode confiar nele. Quiroga chegou a apontar que 3 dos jogadores ´´contaminados`` seriam os defensores Manzo, Rojas e Gorriti.
Em 2017, o diário argentino La Izquierda publicou um levantamento sobre a Copa de 1978 e rechaçou a história do carregamento de trigo. Segundo o portal, a doação nunca existiu. Seria uma versão desconstruvista de um jornal do país para minimizar um fato negro na história desse mesmo país? Ou não houve carregamento de trigo porque o governo militar argentino deu calote?

Curiosidades

Craque

O argentino Mario Kempes

Artilheiro

O argentino Mario Kempes com 6 gols em 7 jogos

Bola

Tango

Mascote

Gauchito

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